quarta-feira, 21 de outubro de 2009
II. A liberação do olhar: o nascimento do cinema africano | Programa 2 (105’):
África sobre o Sena, Paulin Vieyra, Jacques Melokane e Mamadou Sarr, 1957, 21’
Sem poder obter a autorização de filmar no seu próprio país, um grupo formado pelos primeiros alunos africanos do IDHEC (Institut des Hautes Études Cinématographiques) dirigiu na França aquele que foi o primeiro filme verdadeiramente africano. África sobre o Sena mostra a vida de estudantes africanos em Paris. No final do filme, uma imagem “roubada” de crianças brincando em um rio do Senegal explicita a força da proibição colonial imposta aos africanos de fabricar suas próprias imagens, as imagens de sua própria terra.
Borom Sarret – o carroceiro, Ousmane Sembene, 1962, 19’
Com essa pequena fábula que nos conta a história de um pobre carroceiro que, por ter ousado circular nos bairros ricos de Dakar, tem sua carroça confiscada, Sembene tece o retrato dessa cidade, uma cidade pós-colonial, dividida por fronteiras de classe. O filme tornou-se um acontecimento para o cinema africano. Realmente, pela primeira vez, uma imagem da África vista de dentro nos é proposta. Borom Sarret é o primeiro filme rodado na África, e é também o primeiro filme deste que seria o primeiro cineasta de envergadura do cinema negro-africano.
A negra de…, Ousmane Sembene, 1966, 65’
Com A negra de…, o primeiro longa-metragem realizado por um cineasta da África negra, Ousmane Sembene se afirma como “o mais velho dos antigos” do cinema africano.
Em Dakar, Diouana, uma jovem senegalesa, é contratada como empregada doméstica por uma família de brancos. Quando a família volta à França, Diouana os acompanha. Cada vez mais mal tratada pelos empregadores, ela pensa em suicídio. Ousmane Sembene repousa seu olhar sobre a solidão dessa mulher africana no meio de uma cultura “outra” e de indivíduos marcados pelo colonialismo.
“Eu desejava denunciar três realidades: 1o) O néo-colonialismo francês que persiste, de uma forma nova, com o ‘tráfico de negros’; 2o) A nova classe africana, sua cúmplice, e 3o) Uma certa forma de cooperação técnica entre os dois.” (Ousmane Sembene)
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